#NiUnaMenos: Países da região aderem à jornada contra o femicídio
Na tarde de hoje, quarta-feira 3 de junho, organizações sociais e políticas de mulheres da região, convocam para uma marcha inédita em contra o femicídio, sob o slogan #NiUnaMenos. A iniciativa surgiu na Argentina, onde participarão de forma simultânea 80 cidades do país, à proposta se unem também Uruguai e Chile, com a participação de diversas localidades em todo o país.
A iniciativa surgiu na Argentina no dia 12 de maio, após os femicídios da adolescente grávida na localidade santafesina de Rufino, Chiara Páez, cujo corpo foi achado enterrado na casa de seu namorado, dois dias antes da convocação à marcha, e o da advogada Gabriela Parra, assassinada por um assediador, em uma confeitaria do bairro portenho de Caballito, no passado 3 de maio.
Trás estes assassinatos, em primeira instância, trabalhadores da imprensa de diversos meios de toda a Argentina, tomaram a iniciativa e começaram a divulgar, o slogan que teve suas origens há somente dois meses atrás, onde um coletivo independente de jornalistas, atores, escritores ativistas e familiares de vítimas de femicídio, organizaram a maratona de leitura “Ni una menos”.
Com as marchas, não só se trata de conscientizar contra a violência de gênero, e de compreender como sociedade que não é um tema “de mulheres”. A convocação #NiUnaMenos, tem cinco reclamações pontuais na Argentina: que se implemente com recursos e monitoramento, o Plano Nacional de Ação para a Prevenção, a Assistência e a Erradicação da violência contra as mulheres estabelecido na Lei 26.485 da Argentina; que se garanta o acesso das vítimas à justiça; que se elabore um Registro Oficial Único de vítimas de violência contra as mulheres, já que as estatísticas são necessárias para o esboço de políticas; que se garanta e aprofunde a Educação Sexual Integral em todos os níveis educativos, em todo o país; e que se garanta a proteção das vítimas de violência com monitoramento eletrônico dos carrascos.
Os manifestantes na Argentina entregarão um petitório aos legisladores nacionais a modo de compromisso, e entre os pontos figuram a declaração de emergência nacional em matéria de femicídios no país.
Entre as demandas também se encontra a aplicação da Lei Nacional 26.485, de proteção integral das mulheres, sancionada em 2009 e regulamentada um ano depois, a criação de um registro nacional de femicídios e medidas para evitar a violência de gênero e a proteção das vítimas.
Organizações de mulheres destacaram a importância da intervenção da justiça nos casos de violência de gênero e advertiram que “se resiste” a considerar às mulheres vítimas de maltrato como “sujeito em risco”.
A coordenadora geral de “A Casa do Encontro”, Fabiana Túñez, manifestou que a violência de gênero deve ser considerada como “um tema de direitos humanos” e disse que a justiça “não atua de forma rápida e efetiva”.
A Comissão Episcopal de Apostolado Laico e Pastoral Familiar (Celaf) expressou que “na voz do Papa, a Igreja argentina adere à proposta de reprovação ao femicídio, compartindo o slogan de #NiUnaMenos” e reclamou em um comunicado “um compromisso profundo pelo respeito à mulher e o enaltecimento de seu papel social”.
Chile e Uruguai
Chile e Uruguai também se aderem ao slogan #NiUnaMenos com mobilizações em várias regiões.
No Chile repudiarão os femicídios de 28 mulheres ocorridos no primeiro semestre do ano. Ademais, se definiu que vestindo de preto, o povo pedirá ao meio-dia às autoridades, a implementação de políticas públicas para frear esta problemática em aumento nos países da América Latina.
Enquanto que no Uruguai, sob o slogan ¡Si tocan a una, tocan a todas!, se une a #NiUnaMenos, cidades de todos os departamentos do país, com o apoio das organizações sindicais e defensoras dos direitos das mulheres mais importantes do país.
No Uruguai já ocorreram 18 femicídios desde o começo de 2015, 18 mulheres que já não estão. Nesse sentido, a organização implementa a convocação de Feministas Alerta e nas Ruas, com o slogan ¡Si Tocan a Una Tocan a Todas!, após as 48 horas de sucedido o assassinato, com o fim de que não passe desapercebido.