Estela de Carlotto é reconhecida como Cidadã Ilustre da América Latina
Em uma sessão extraordinária da Associação Latino-Americana de Integração (ALADI), em Montevidéu, no passado 2 de outubro, a presidente de Avós de Praça de Maio da Argentina, Estela de Carlotto, foi distinguida como “Cidadã Ilustre da América Latina”, por “sua luta por encontrar os netos e filhos”, sendo a primeira vez que se lhe entrega a alguém essa distinção.
A resolução unânime do Comitê de Representantes em homenagem a Carlotto reconheceu à perseverante tarefa na promoção e no respeito irrestrito dos direitos humanos, assim como a sua permanente luta pela Memória, Verdade e Justiça, nos casos de violações aos direitos humanos que se verificaram durante a última ditadura militar argentina (1976-1983).
A presidente do Comitê de Representantes, Aida Garcia Naranjo, iniciou a cerimônia mostrando que esta homenagem é parte de um “tributo a uma mulher, mãe e avó que nos representa em toda América Latina e no mundo inteiro”.
Por seu lado, o secretário geral da ALADI, o argentino Carlos "Chacho" Álvarez, destacou sua "luta pela Verdade e Justiça", e como suas ações foram fundamentais no “fortalecimento da democracia e da paz”, nunca procurando “a vingança e a violência”.
Depois, em sua alocução o chanceler uruguaio, Luis Almagro, destacou o significativo de que este reconhecimento se realizasse no Uruguai, “é um exemplo para Uruguai, pelas lutas que ainda estão pendentes, que foi parte da mentira (…) necessitamos Verdade e Justiça”.
Durante a cerimônia o ator argentino Juan Leyrado e a ex-vice-chanceler uruguaia, Belela Herrera, leram duas cartas escritas por Carlotto a seu neto desaparecido durante a ditadura, quando cumpriu 18 e 33 anos, em momentos em que ainda não o conhecia. Da mesma forma, fez a leitura de uma mensagem do presidente do Uruguai, José Mujica, e do escritor Eduardo Galeano, que não puderam estar presentes na Homenagem.
Posteriormente, a presidente de Avós da Praça de Maio expressou seu agradecimento e seu desejo de seguir encontrando as centenas de netos, ainda desaparecidos, ressaltando que “o feito foi inspirado pelo amor”. Também disse que a organização vai fazer 37 anos e mesmo assim “seguiremos, mesmo que usemos bengala (…) ainda faltam 400 netos, entretanto, continuará o revezamento, nossos netos e familiares, vou a seguir com mais força" e culminou dizendo “nunca mais”.
Fonte: Agência Parlasul