Foro Social Mundial em Porto Alegre
No dia 25 de janeiro começou o Foro Social Mundial na cidade brasileira de Porto Alegre, o encontro se estenderá até o dia 29 de janeiro, com representantes de centenas de organizações sociais de todo o mundo. Crise capitalista, justiça social e meio-ambiente são as principais temáticas que serão tratadas neste encontro.
Ontem (25 de janeiro) a discussão sobre a questão do meio-ambiental ocupou o principal espaço em um Foro que revela as diferenças existentes entre os movimentos sociais e os governos da América Latina em torno ao desenvolvimento sustentável.
As principais críticas dos ecologistas são sobre a hidroelétrica de Belo Monte, um gigante de concreto que o Governo brasileiro constrói no coração da Amazônia e que deslocará a uns 50.000 camponeses e inundará uma área de 506 quilômetros quadrados.
"Dilma, apaga a motosserra", diziam faixas exibidas pelos ativistas, que encontraram apoio em outros dois grupos do Foro Social que preparam a Cúpula dos Povos, convocada em paralelo à Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável Rio+20, que será realizada no Rio de Janeiro em junho deste ano.
Em sua intervenção, o sociólogo português Boaventura de Souza Santos fustigou ao "capitalismo verde". "As empresas conquistaram um poder enorme sobre os Estados para transformar as leis e toda a questão climática em um tema comercial, ao qual chamamos capitalismo verde", disse.
Já em um dos debates organizados hoje no foro, o dirigente Eron Bezerra, do Partido Comunista Brasileiro (PSB), que integra a coalizão no poder em Brasil, citou a energia hidroelétrica como "um modelo" para América Latina, pelo alto potencial hídrico que existe na região.
Alertou, também, sobre o "apetite" que a Amazônia desperta nas nações e empresas do mundo desenvolvido, sobretudo porque ali se acumula um 12 por cento das reservas de água doce do mundo, um recurso que a ONU admite que escasseará durante este século.
"Se nas últimas décadas houve tantas guerras por causa do petróleo, imaginem o que farão pela água", disse Bezerra.
O diplomático brasileiro Guilherme Patriota interveio no mesmo debate e considerou que a Conferência Rio+20 será um cenário ideal para que os países em desenvolvimento forcem uma discussão mais profunda sobre a mudança climática. "A crise (financeira) tem sido um balde de água fria para os países mais ricos, que chegarão a Rio+20 debilitados", disse.
Não obstante, os movimentos sociais do Foro Social tampouco têm muitas ilusões com essa conferência, que o coordenador do Movimento Sem Terra (MST) do Brasil, João Pedro Stédile, qualificou de "teatrinho governamental que não deterá ao modelo de desenvolvimento capitalista".
O encontro do Foro Social terá seu encerramento no próximo domingo e na quinta-feira receberá à presidenta Dilma Rousseff, que segundo fontes oficiais defenderá ante os ativistas seus projetos de desenvolvimento e o alcance e a importância da conferência Rio+20.
Relatório cronológico da cadeia Telesur sobre o Foro Social Mundial
Fontes: Telesur, EFE e El País de Costa Rica