Em reivindicação da histórica luta das mulheres, por uma sociedade mais justa e igualitária, livre de violência e discriminação
No Dia Internacional da Mulher, a Unidade Temática de Gênero e Município de Mercocidades emite um comunicado no qual reivindica a histórica luta das mulheres pela igualdade, em tempos que nos desafiam pelas marcadas assimetrias e pelo incremento das violências contra as mulheres de todas as idades em nossa sociedade.
Em 1977 a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou o dia 8 de março como Dia Internacional da Mulher, simbolizando nesta data a longa luta das mulheres pela igualdade no acesso a direitos, oportunidades, justiça e paz. Transcender o presente ao qual chegamos para alcançar uma sociedade mais justa e igualitária, livre de violência e discriminação, implica necessariamente desconstruir essa estrutura episódica da situação social, a qual culturalmente nos tem sido transmitida de geração em geração e que reproduzimos em nossa cotidianidade, naturalizando a violência e a discriminação que inicia sutilmente como uma “piada sexista” e se traduz sem querer em um direito ao qual as mulheres cis, trans, entre outras, não têm acesso, e isto é legitimado por políticas públicas carentes de perspectiva de gêneros.
Costuma-se citar o “tempo passado” como um “tempo próspero, feliz, melhor… de cultura em cultura” e os valores culturais que ainda não conquistamos só se encontram esporadicamente no percurso da “história”, história que hoje conecta com o primeiro corpo achado de uma mulher ao qual cientistas chamaram “Lucy” e de quem a comunidade científica nos manifesta “datam seus restos fósseis de uma antiguidade de entre 3,2 a 3,5 milhões anos aproximadamente, relegada ao trabalho doméstico (emprego não reconhecido como tal e não remunerado), um status inferior no clã, rastros de mal trato e mal nutrição”. Pensemos então, se a violência sofrida na atualidade no espaço público ou privado e o assédio sexual, convida a mulheres e meninas a serem “valentes em lugar de serem livres”, se a violência nos reafirma na demanda a mulheres e homens parar a cada 8 de março” e marchar para honrar as conquistas de todas aquelas que se levaram o peso da nossa história e raramente são nomeadas. Se neste dia nos encontram alçando a voz, cantando, dançando e empunhando faixas e bandeiras, então não é só pelos direitos que conquistamos, senão também pelos que ainda nos faltam e para os que ao menos 3 milhões de anos não parecem ter sido suficientes.
Urge o primeiro passo, reconhecer os obstáculos que ainda enfrentam as mulheres pelo simples fato de sê-lo, o segundo é nos perguntarmos que estamos fazendo para modificá-lo? O que redunda na obviedade talvez de como mudamos? Neste sentido, são necessárias desde o Estado (em seus diferentes níveis e instituições) políticas públicas com perspectiva de gênero transversais, orientadas por um lado a atender os resultados dessas situações de discriminação e violência, e por outro, a promover transformações sociais que impliquem a desconstrução dos estereótipos de gênero e proponham novas formas de vinculação.
O surgimento do Dia Internacional da Mulher deve ser entendido como o produto de um processo histórico e ideológico marcado pelas lutas das mulheres trabalhadoras que a fins do século XIX começam a se organizar junto com outros coletivos de mulheres para reclamar por seus direitos trabalhistas, civis e políticos. Se revelavam contra as condições inumanas de trabalho, de vida confinada ao lar e sua impossibilidade de votar e serem candidatas.
Na América Latina as mulheres têm uma longa tradição de reivindicação de seus direitos. Mulheres indígenas, afrodescendentes, brancas, camponesas, das cidades, lesbianas, trans, jovens, adultas, trabalhadoras, políticas. Mulheres que no governo e na sociedade civil tem incentivado, mantido e ampliado os feminismos desde as diferentes identidades.
Formular Políticas públicas e abordar práticas que nos permitam reduzir drasticamente as desigualdades de gênero no acesso a direitos, fazer do mundo um lugar melhor para as mulheres e também para os homens, é um compromisso da Unidade Temática de Gênero e Município de Mercocidades, desde sua criação em 1999.
8 de marzo de 2018
Patricia Gonzalez Viñoly
Ileana Lingua
Unidad Temática de Género y Municipio de Mercociudades