O PNUD anuncia possível recaída de milhões de lares latino-americanos na pobreza
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) manifesta preocupação pelas 25 a 30 milhões de pessoas que correm risco de cair novamente na pobreza. Através do Relatório sobre Desenvolvimento Humano (IDH), o programa lança uma série de recomendações para que a região impeça este retrocesso e continue avançando com políticas públicas de nova geração, em linha com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Esta cifra representa um terço da população da região que saiu da pobreza desde 2003. Além disso, há muitos jovens e mulheres com uma inserção laboral precária nos setores de serviços. Estes formam parte de uma população de 220 milhões de pessoas (2 de cada 5 latino-americanos) que não são oficialmente pobres, mas que tampouco conseguiram ingressar à classe média, portanto o relatório os qualifica como vulneráveis.
O IDH destaca que o que incide na saída da pobreza é distinto ao que previne que os latino-americanos voltem a recair nela. Na década passada, os mercados trabalhistas e a educação foram os grandes motores para deixar a pobreza. Entretanto, para impedir o retrocesso econômico é fundamental que as políticas públicas da nova geração fortaleçam quatro fatores: proteção social, sistemas de cuidado, ativos físicos e financeiros, e qualificação laboral.
No mercado trabalhista latino-americano, mais de 150 milhões de trabalhadores são assalariados em microempresas com menos de 5 vagas de trabalho, ou auto-empregados sem qualificação ou sem renda regular.
Por outro lado, 70% de mais de 50 milhões de pequenas e médias empresas (Pmes) são informais e dois de cada três novos empregos criados foram no setor de serviços, o qual tem baixa produtividade e altas taxas de informalidade.
“Sem aumentos futuros da produtividade dos setores de baixa qualificação laboral, a sustentabilidade do crescimento e, em consequência, das conquistas sociais, se compromete”, indica o relatório.
Neste contexto, o IDH faz um chamado para repensar o modelo latino-americano de progresso para um conceito multidimensional, em linha com a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e que transcenda o uso da renda per capita, o ritmo do crescimento econômico e o Produto Interno Bruto (PIB) como critérios privilegiados para medir o nível de desenvolvimento.
“Neste momento, há que proteger as conquistas alcançadas e incentivar políticas e estratégias inclusivas e integrais adaptadas a populações que sofrem de discriminações e exclusões históricas”, disse a diretora regional do PNUD, Jessica Faieta.