Inauguração do Museu dos Direitos Humanos do MERCOSUL em Porto Alegre
No passado 2 de abril, no âmbito da Semana da Democracia “Que nunca mais desapareça”, celebrada em Porto Alegre, Brasil, em ocasião do 50º aniversário do último golpe militar nesse país. Inaugurou-se o Museu dos Direitos Humanos do MERCOSUL, momento em que o Instituto de Políticas Públicas em Direitos Humanos do MERCOSUL (IPPDH) apresentou o Acervo Documentário Condor, o primeiro guia de arquivos sobre coordenações repressivas do Cone Sul.
O Museu dos Direitos Humanos do MERCOSUL (MDHM) funcionará no prédio do Memorial do Rio Grande do Sul, na Praça da Alfândega. Na inauguração participaram o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, o diretor do Memorial e Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul e do museu, Márcio Tavares dos Santos, o secretário executivo do IPPDH, Víctor Abramovich, as autoridades em Direitos Humanos do Uruguai, Javier Miranda e Graciela Jorge, a ex-ministra da Secretaria de Direitos Humanos do Brasil, Maria do Rosário, e a nova titular deste órgão, Ideli Salvati.
A exposição inaugural do MDHM se chama “Deus e Sua Obra no Sul da América: a experiência dos Direitos Humanos através dos sentidos” e reúne obras –fotografias, vídeos, pinturas, esculturas, instalações e documentos- de 145 artistas de Brasil, Argentina, Uruguai, Chile e Equador.
Ao inaugurar o museu, o governador Tarso Genro destacou que o projeto representa o trabalho de uma geração inteira sobre a democracia: “não todas são obras diretamente políticas, mas são trabalhos e documentos que se relacionam com um determinado período da história que temos que fixar na memória do povo e da cidadania”, afirmou.
O Museu contará com uma mostra permanente e também oferecerá exposições focalizadas em outros temas, com a colaboração do Museu de Arte do Rio Grande do Sul.
Márcio Tavares dos Santos, diretor do Museu, afirmou que este novo espaço terá a missão de ser um ponto de união entre as instituições dedicadas à memória que existem no MERCOSUL. “É um museu transnacional, uma experiência única no continente e talvez no mundo, cuja função principal será trabalhar pela integração, pela paz e pelos direitos humanos”.
O prédio que alberga ao MDHM é a antiga Agência de correios e telégrafos, na Praça da Alfândega em Porto Alegre. Funcionará de terça-feira a sexta-feira de 10 às 19h, e nos sábados de 12 às 18h.
Víctor Abramovich, secretário executivo do IPPDH, destacou o desafio de construir uma memória regional. “Os países do Cone Sul compartilham um passado comum de lutas populares de enfrentamento às ditaduras. Esse passado comum é fundamental para a construção da nossa memória que é, por sua vez, essencial para aprofundar o processo de integração de nossos países”, afirmou. “Não trabalhamos a memória simplesmente para olhar para o passado, senão para pensar o futuro que queremos construir. Pensar o MERCOSUL como uma coordenação de políticas de Direitos Humanos é a melhor resposta que podemos dar à coordenação de políticas de terrorismo de Estado que foi a Operação Condor”, acrescentou.
A nova titular da Secretaria de Direitos Humanos do Brasil, Ideli Salvati, também participou da inauguração e destacou a importância de não se baixar a guarda em relação aos inimigos da democracia. “Os germes do autoritarismo e da prepotência seguem latentes, com as pessoas dispostas a sair às ruas para defender a volta da ditadura. Ainda que as marchas convocadas tenham fracassado, a mera disposição de convocá-las mostra que não podemos descansar, pensando que esse perigo está eliminado”.
No âmbito desta inauguração, foi realizada a Conferência Internacional “Memória, Direitos Humanos e Reparação: políticas de memória, arquivos e museus”, na qual o IPPDH apresentou o Acervo Documentário Condor, o primeiro guia de arquivos sobre as coordenações repressivas do Cone Sul. Jorge Vivar, pesquisador que trabalhou em seu desenvolvimento, foi o responsável de detalhar as características do guia.
Fonte: Carta Maior. Créditos da foto: Alina Souza/Palácio Piratini.